segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O DIMINUTIVO E A ESTILÍSTICA

Um textinho sobre os "inhos" JOSÉ ROBERTO TORERO
da Equipe de Articulistas

Nossa língua é nossa pátria, e, sendo assim, algumas palavras revelam mais do nosso país do que um discurso sociológico.
Aliás, às vezes nem precisamos de uma palavra, basta um pedaço. O "inho" é um bom exemplo. Usamos esse sufixo para designar algo ou alguém pequeno, mas também algo ou alguém por quem temos carinho. Aliás, não por coincidência, a palavra carinho também acaba em "inho". Nossa bebida típica é o cafezinho, gostamos de um feijãozinho, e nossa seleção é canarinho.
Da minha infância até a adolescência, isso lá por meados dos anos setenta, era comum que os jogadores adotassem esse sufixo nos seus nomes. Lembro-me de Nelsinho, Joãozinho, Vaguinho, Adãozinho, Gatãozinho, Wilsinho e Toinzinho. Toninho então havia às pencas. Era preciso até recorrer a um complemento para que eles se diferenciassem um dos outros. Lembro-me agora de Toninho Guerrero, Toninho Metralha e até de um Toninho Vanusa.O "inho" deixa o nome ou apelido mais afetuoso, como se o jogador mantivesse ainda algumas características infantis. Não há nenhuma relação com o físico do nomeado, tanto que o Chulapa, apesar de ter quase dois metros, é chamado de Serginho. Provavelmente porque no seu jeito malandro há uma irresponsabilidade e uma alegria infantis. Por outro lado, ninguém chama Edmundo de Edmundinho. A sua irresponsabilidade não é infantil, não é simpática. Nas outras línguas, ou nações, não existe nada que se assemelhe ao "inho". Os ingleses colocam um "little" antes do nome ou um "y" depois, formando Little John ou Johnny, mas não é a mesma coisa. Os franceses podem recorrer ao composto Petit Jean, mas há um tanto de pompa nessa fórmula. Já os espanhóis tentam o Juanito, mas aquele áspero "t" quebra a doçura do apelido.
Joãozinho é um nome intraduzível. Tanto quanto a bandeira nacional, o hino brasileiro, a feijoada, o samba ou o drible, o "inho" é uma marca da brasilidade. Nenhuma outra seleção do mundo, nem mesmo a portuguesa, tem hoje um jogador com esse sufixo. Aliás, não tem e nem poderia ter: o "inho" carrega um quê de humor e de brejeirice que não combina com a severidade e com os bigodes lusitanos. Nossos "inhos" são inesquecíveis, a começar por Zizinho, o maior jogador da primeira metade do século. Mas há também Julinho, do Palmeiras; Coutinho, do Santos; Jairzinho, do Botafogo; Edinho, do Fluminense; Nelinho, do Cruzeiro; Toninho Cerezo, do Atlético-MG; Serginho, do São Paulo, e assim por diante. Ainda hoje o "inho" daria uma bela seleção. Pense em Edinho (Santos), Jorginho (São Paulo), Marinho (Guarani), Carlinhos (Lusa) e Serginho (Milan); Ricardinho (Cruzeiro), Juninho (Vasco) e Marcelinho (Corinthians); Ronaldinho (Grêmio), Ronaldinho (Internazionale) e Zinho (Palmeiras). Como técnico, escolha entre Carlinhos, Cabralzinho ou Candinho. Um time de nomes no diminutivo, mas que jogaria um futebol superlativo.
Mas creio que o destino do "inho" é a extinção. Dirigentes e empresários não gostam que seus contratados tenham nomes no diminutivo, e assim, para dar uma impressão de maior profissionalismo, vão surgindo os Alex Alves, os Marcus Assunção e os Fernando Diniz. Saem os "inhos", entram os sobrenomes. Como diria Cartola, "a vida é um moinho".
Moinho que, só por coincidência, também termina em "inho".

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/27841-penultima-flor-do-lacio.shtml

sábado, 25 de agosto de 2012

Norma Gramatical Brasileira

NOMENCLATURA GRAMATICAL BRASILEIRA (NGB)
Uniformização e simplificação da Nomenclatura Gramatical Brasileira, de acordo como trabalho
aprovado pelo Sr. Ministro Clóvis Salgado, elaborado pela Comissão designada na Portaria
Ministerial número 152/57, constituída pelos Professores Antenor Nascentes, Clóvis do Rêgo
Monteiro, Cândido Jucá (filho), Carlos Henrique da Rocha Lima e Celso Ferreira da Cunha, e
assessorada pelos Professores Antônio José Chediak, Serafim Silva Neto e Sílvio Edmundo Elia.
Rio de Janeiro, 1958.
Exmo Sr. Ministro de Estado da Educação e Cultura
A Comissão, abaixo assinada, tem a honra de passar às mãos de V.Ex.a o Anteprojeto
de Simplificação e Unificação da Nomenclatura Gramatical Brasileira, já em redação final.
O presente Anteprojeto é resultante não só de um reexame, pela Comissão, do
primitivo, mas ainda do estudo, minucioso e atento, das contribuições remetidas à CADES pela
Academia Brasileira de Filologia do País, pela Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul e,
individualmente, por numerosos e abalizados professores de Português.
Releva salientar que a Comissão, ao considerar as modificações propostas, teve
sempre em mira a recomendação de V.Ex.a constante da Portaria Ministerial nº 152- “uma
terminologia simples, adequada e uniforme”- bem como atender ao tríplice aspecto fixado nas
Normas Preliminares de Trabalho:
a) a exatidão científica do termo;
b) a sua vulgarização internacional;
c) a sua tradição na vida escolar brasileira.
Agradecendo, mais uma vez, nesta oportunidade, a distinção e a confiança com, que
contemplou V.Ex.a, a Comissão renova a V.Ex.a os protestos de alto apreço e distinta
consideração.
Antenor Nascentes
Clóvis do Rêgo Monteiro
Cândido Jucá (filho)
Carlos Henrique da Rocha Lima
Celso Ferreira da Cunha
Assessores:
Antônio José Chediak
Serafim Silva Neto
Sílvio Edmundo Elia.
PORTARIA Nº 36, DE 28 DE JANEIRO DE 1959
O Ministro do Estado da Educação e Cultura, tendo em vista as razões que
determinaram a expedição da Portaria nº 152, de 24 de abril de 1957, e considerando que o
trabalho proposto pela Comissão resultou de minucioso exame das contribuições apresentadas
por filólogos e lingüistas, de todo o País, ao Anteprojeto de Simplificação e Unificação da
Nomenclatura Gramatical Brasileira, resolve:
Art.1º - Recomendar a adoção da Nomenclatura Gramatical Brasileira, que segue
anexa à presente Portaria, no ensino programático da Língua Portuguesa e nas atividades que
visem à verificação do aprendizado, nos estabelecimentos de ensino.
Art.2º - Aconselhar que entre em vigor:
a) para o ensino programático e atividades dele decorrentes, a partir do início do primeiro
período do ano letivo de 1959;
b) para os exames de admissão, adaptação, habilitação, seleção e do art. 91 a, partir dos que se
realizarem em primeira época para o período letivo de 1960.
Clóvis Salgado
DIVISÃO DA GRAMÁTICA: Fonética, Morfologia e Sintaxe.
INTRODUÇÃO: Tipos de Análise: Fonética, Morfológica e Sintática.
PRIMEIRA PARTE
Fonética
I – A FONÉTICA pode ser: Descritiva, Histórica e Sintática.
II – FONEMAS: vogais, consoantes e semivogais.
1. Classificação das vogais – Classificam-se as vogais:
a) quanto à zona de articulação, em: anteriores, médias e posteriores;
b) quanto ao timbre, em: abertas, fechadas
e reduzidas;
c) quanto ao papel das cavidades bucal e nasal, em: orais e nasais;
d) quanto à intensidade, em: átonas e tônicas.
2.Classificação de consoantes – classificam-se as consoantes:
a) quanto ao modo de articulação, em: oclusivas, constritivas: fricativas, laterais e vibrantes;
b) quanto ao ponto de articulação, em: bilabiais, labiodentais, linguodentais, alveolares, palatais
e velares;
c) quanto ao papel das cordas vocais, em: surdas e sonoras;
d) quanto ao papel das cavidades bucal e nasal, em: orais e nasais.
III – 1. Ditongos – Classificam-se os ditongos em: crescentes e decrescentes; orais e nasais.
2. Tritongos – Classificam-se os tritongos em: orais e nasais.
3. Hiatos.
4. Encontros Consonantais.
Nota: Os encontros – ia, ie, io, ua, eu, uo finais, átonos, seguidos ou não de s, classificam-se
quer como ditongos, quer como hiatos uma vez que ambas as emissões existem no domínio da
Língua Portuguesa: histó-ri-a e histó-ria; sé-ri-e e sé-rie; pá-ti-o e pá-tio; ár-du-a e ár-dua; tê-nu-e
e tê-nue; vá-cu-o e vá-cuo.
IV – Sílaba – Classificam-se os vocábulos, quanto ao número de sílabas, em: monossílabos,
dissílabos, trissílabos e polissílabos
V – Tonicidade:
1. Acento: principal e secundário.
2. Sílabas: átonas: pretônicas e postônicas; subtônicas; tônicas.
3. Quanto ao acento tônico, classificam-se os vocábulos em: oxítonas, paroxítonas e
proparoxítonas.
4. Classificam-se os monossílabos em: átonos e tônicos.
5. Rizotônico; arrizotônico.
6. Ortoepia.
7. Prosódia.
Nota: São átonos os vocábulos sem acentuação própria, isto é, os que não têm autonomia
fonética, apresentando-se como sílabas átonas do vocábulo seguinte ou do vocábulo anterior.
São tônicos os vocábulos com acentuação própria, isto é, os que têm autonomia fonética.
Pode ocorrer que, conforme mantenha, ou não, sua autonomia fonética, o mesmo vocábulo seja
átono numa frase, porém, tônico em outra. Tal pode acontecer, também, com vocábulos de mais
de uma sílaba: serem átonos numa frase, mas tônicos em outra.
SEGUNDA PARTE
Morfologia
Trata a Morfologia das palavras:
1. Quanto a sua estruturação e formação.
2. Quanto a suas flexões e
3. Quanto a sua classificação.
I - Estrutura das palavras:
a) Raiz; Radical; Tema; Afixo; prefixo e sufixo; Desinência: nominal e verbal; Vogal temática;
Vogal e Consoante de ligação.
b) Cognato.
II – Formação das palavras: 1 – Processo de formação de palavras: Derivação; Composição; 2 –
Hibridismo.
III – Flexão das palavras: quanto à sua flexão as palavras podem ser: variáveis ou invariáveis.
IV - Classificação das palavras: substantivos, artigo, adjetivo, numeral, pronome, verbo advérbio,
preposição, conjunção e interjeição.
I – Substantivos
1. Classifica-se os substantivos em: comuns e próprios; concretos e abstratos.
2. Formação do substantivo: primitivo e derivado; simples e composto.
3. Flexão do substantivo:
a) em gênero: masculino; feminino, epiceno; comum de dois gêneros; sobrecomum.
b) em número: singular e plural;
c) em grau: aumentativo; diminutivo.
II – Artigo
1. Classificação do artigo: definido, indefinido.
2. Flexão do artigo:
a) gênero: masculino e feminino;
b) número: singular e plural.
III – Adjetivo:
1. Formação do adjetivo: primitivo e derivado; simples e composto.
2. Flexão do adjetivo:
a) em gênero: masculino e feminino;
b) em número: singular e plural;
c) em grau: comparativo de igualdade; de superioridade (analítico e sintético); de inferioridade.
Superlativo: relativo (de superioridade de inferioridade); absoluto (sintético e analítico).
3. Locução adjetiva.
IV – Numeral:
1. Classificação do numeral: cardinal, ordinal, multiplicativo e fracionário.
2. Flexão do numeral: em gênero: masculino e feminino; em número: singular e plural.
V – Pronome
1. Classificação do pronome: pessoal: reto, oblíquo (reflexivo, não reflexivo); de tratamento;
possessivo; demonstrativo; indefinido; interrogativo; relativo.
Nota: Os que fazem as vezes de substantivos chama-se pronomes substantivos; os que
acompanham os substantivo, pronomes adjetivos.
2. Flexão do pronome:
a) em gênero: masculino e feminino.
b) em número: singular e plural.
c) em pessoa: primeira, segunda e terceira.
3. Locução pronominal.
VI – Verbo
1. Classificação do verbo: regular, irregular, anômalo, defectivo, abundante, auxiliar.
2. Conjugações: três são as conjunções: a primeira com o tema terminado em “A”; a Segunda
com o tema terminado em “E”; a terceira com o tema terminado em “I”.
Nota: O verbo “pôr” ( e os dele formados) constitui anomalia da 2ª conjugação.
3. Formação do verbo: primitivo e derivado; simples e composto.
4. Flexão do verbo:
a) de modo: indicativo, subjuntivo e imperativo;
b) formas nominais do verbo: infinitivo: pessoal (flexionado e não flexionado), impessoal;
gerúndio; particípio;9
c) de tempo: presente; pretérito: imperfeito (simples e composto); perfeito (simples e composto);
mais que perfeito (simples e composto); futuro do presente (simples e composto) e do pretérito
(simples e composto).
Nota: A denominação futuro do pretérito (simples e composto) substitui a de condicional (simples
e composto);10
d) de número: singular e plural;
e) de pessoa: três são as pessoas do verbo: 1ª, 2ª e 3ª;
f) de voz: ativa; passiva (com auxiliar, com pronome apassivador); reflexiva.11
5. Locução verbal.
VII – Advérbio:
1. Classificação do advérbio:
a) de lugar; de tempo; de modo; de negação; de dúvida; de intensidade; de afirmação;
b) advérbios interrogativos: de lugar, de tempo, de modo, de causa.
2. Flexão do advérbio: de grau: comparativo; de igualdade, de superioridade e de inferioridade;
superlativo absoluto (sintético e analítico); diminutivo.
3. Locução adverbial.
Notas:
a) Podem alguns advérbios estar modificando toda a oração.
b) Certas palavras, por não se poderem enquadrar entre os advérbios terão classificação à parte.
São palavras que denotam exclusão, inclusão, situação, designação retificação, afetividade,
realce, etc.
VIII – Preposição:
1. Classificação das preposições: essenciais, acidentais.
2. Combinação.
3. Contração.
4. Locução prepositiva.
IX – Conjunção:
1. Classificação das conjunções: coordenativas: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas,
explicativas; subordinativas: integrantes, causais, comparativas, concessivas, condicionais,
consecutivas, finais, temporais, proporcionais e conformativas.14
Nota: As conjunções que, porque, porquanto, etc., ora têm valor coordenativo, ora subordinativo;
no primeiro caso, chama-se explicativas, no segundo, causais.15
2. Locução conjuntiva
X - Interjeição
Locução interjectiva.
XI – 1. Palavra.
2. Vocábulo.
3.Sincretismo. Sincrético.
4. Forma variante.
5. Conetivo.
TERCEIRA PARTE
Sintaxe
A – Divisão da sintaxe:
a) Concordância: nominal e verbal.
b) Regência: verbal e nominall
c) Colocação.
Nota: Na colocação dos pronomes oblíquos, adotem-se as denominações de próclise, mesóclise
e ênclise.
B – Análise Sintática:
I – Da Oração:
1. Termos essenciais da oração: sujeito e predicado.
a) Sujeito: simples, composto, indeterminado; oração sem sujeito.
b) Predicado: nominal, verbal, verbo-nominal.
c) Predicativo: do sujeito e do objeto.
d) Predicação verbal: verbo de ligação; verbo transitivo (direto e indireto); verbo intransitivo.
2. Termos integrantes da oração:
a) complemento nominal;
b) complemento verbal: objeto (direto e indireto);
c) agente da passiva.
3. Termo acessórios da oração:
a) adjunto adnominal;
b) adjunto adverbial;
c) aposto.
4. Vocativo
II – Do período:
1. Tipos de período: simples e composto.
2. Composição do período: coordenação e subordinação.
3. Classificação das orações:
a) absoluta;
b) principal;
c) coordenada: assindética; sindética: aditiva, adversativa, alternativa, conclusiva, explicativa;
d) subordinada; substantiva: subjetiva, objetiva (direta e indireta), completiva-nominal, apositiva,
predicativa; consecutiva, concessiva, condicional, conformativa, final, proporcional e temporal.18
As orações subordinadas podem apresentar-se, também, com os verbos numa de suas
FORMAS NOMINAIS; chamam-se, neste caso, reduzidas: de infinitivo, de gerúndio, de
particípio, as quais se classificam como as desenvolvidas: substantivas (subjetiva etc.), adjetivas
adverbiais (temporais etc.).
Notas: 1. Coordenadas entre si podem estar quer principais, quer independentes quer
subordinadas (desenvolvidas ou reduzidas).
2.Devem ser abandonadas as classificações:
a) de lógico e gramatical, ampliado e inampliado, completo e incompleto, total, parcial, para
qualquer elemento oracional;
b) de oração quanto à forma (plena, elítica etc.), quanto ao conetivo (conjuncional, não
conjuncional, relativa).
3. Na classificação da oração subordinada bastará dizer-se: oração subordinada substantiva
(subjetiva etc.); oração subordinada adjetiva (restritiva, explicativa); oração subordinada
adverbial (causal etc.).
APÊNDICE
I – Figuras de Sintaxe – Anacoluto, elipse, pleonasmo e silepse.
II – Gramática Histórica – Aférese, altura (som), analogia, apócope, assimilação (total, parcial,
progressiva, regressiva), consonantismo, dissimilação (total, parcial, progressiva, regressiva),
ditongação, divergente, elisão, empréstimo, epêntese, etimologia, haplologia, hiperbibasmo,
intensidade (som), metáfase, mesalização, neologismo, palatalização, paragoge, patronímico,
prótese, síncope, sonorização, substrato, superstato, vocalismo, vocalização.
III – Ortografia – Abreviatura, alfabeto, dígrafo (grupo de letras que representam um só fonema.
Ex.: ch (chave), gu (guerra), qu (quero), rr (carro), lh (palha), ss (passo), nh (manhã);21
homógrafo, homônimo, letra (maiúscula e minúscula). Notações léxicas: acento agudo, grave,
circunflexo, apóstrofo, cedilha, hífen, til e trema, sigla.
IV – Pontuação – Aspas, asteriscos, colchete, dois-pontos, parágrafo(§), parênteses, ponto-deexclamação,
ponto-de interrogação, ponto-e-vírgula, ponto-final, reticências, cedilha, travessão,
vírgula.
V – Significação das palavras – Antônimo, homônimo, sentido figurado.
VI – Vícios de linguagem – Barbarismo, cacofonia, preciosismo, solecismo.

FIGURAS DE LINGUAGEM


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Variações linguísticas

As LíNgUaS pOrTuGuEsAs


Discurso


Roberto Pompeu de Toledo

Dezesseis palavras
que choram

Uma frase do governador do Distrito
Federal transforma-o em réu de duplo
crime: racismo e atentado ao idioma

 
O governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, deve ser condenado por crime de racismo? Desde o último dia 31, quando, em evento na cidade-satélite de Brazlândia, ele qualificou como "crioulo" um cidadão que o hostilizava, a questão está posta. O PT de Brasília, acérrimo adversário do governador, iniciou processo contra ele. Se as palavras de Roriz merecem ou não condenação será o nosso tema, mas antes detenhamo-nos na frase por inteiro, que aqui vai reproduzida em maiúsculas e num parágrafo à parte, para lhe realçar o sabor:
– ALI ESTÁ UM CRIOULO PETISTA QUE EU QUERO QUE VOCES DÃO UMA SALVA DE VAIA NELE.
A frase, mesmo que não contivesse o "crioulo", já seria um assombro. Suas dezesseis palavras configuram um pandemônio sintático. Do primeiro "que" ao "nele" do final, passando pelo "dão" em vez de "dêem" e à "vaia" em vez de "vaias", há atentados de toda ordem contra a língua portuguesa. O conjunto todo é de levar o professor Pasquale a nocaute. Menção de honra vai para a "salva de vaia". A "salva" que se conhece é de palmas. Roriz inventou a "salva de vaias" – ou, melhor ainda, "de vaia". De todo modo, o cerne da questão está no "crioulo". Ele revelaria não apenas um transgressor da gramática, mas da lei. Vejamos as linhas de defesa de que disporia o governador.
Crioulo, ao contrário do que geralmente se pensa, não quer dizer "negro". Ou melhor: na origem, não quer dizer negro. Quer dizer: "cria da terra", "filho do local". A palavra proviria de "criadouro". Com o tempo, perdeu um "d" aqui e um "r" ali, ganhou um "l" e virou crioulo. No Brasil da escravidão, o crioulo se opunha ao africano. Este era o escravo ainda de primeira geração, nascido na África. O crioulo era o já nascido no Brasil, filho de uma escrava que deu cria. Esse sentido se aparenta ao dos países hispano-americanos, onde "criollo", nos tempos coloniais, era o habitante nascido na colônia – o branco, não o negro nem o índio –, em oposição ao que nascera na Espanha. Também se aproxima do "créole" francês, palavra usada para identificar o dialeto falado nas colônias, mistura do francês com línguas locais. Ou seja: uma língua criada no local.
Dito isso, temos um primeiro argumento em favor de Roriz. Ele não estaria dizendo "Ali está um negro petista etc.", mas sim "Ali está um filho desta terra..." Já que estamos no afã de refazer-lhe a frase, poderíamos ir além, e corrigi-la também no português, para ficar mais palatável aos julgadores. Ela ficaria assim, igualmente em maiúsculas e num parágrafo isolado:
– ALI ESTÁ UM FILHO DESTA TERRA, POR SINAL PETISTA, PARA O QUAL PEÇO QUE VOCES DESTINEM UMA SONORA VAIA.
Não pegou? Tal linha de defesa soa forçada? Há outra. A de que tudo não teria passado de brincadeira. Esta é, na verdade, a linha que está sendo usada por Roriz. Ele conheceria o "crioulo" em questão, e a palavra com que se referiu a ele representaria uma fórmula carinhosa. O governo do Distrito Federal até identificou o destinatário da frase. Seria um certo Marinalvo Nascimento, cabo eleitoral do deputado distrital Edimar Pirineus, atual secretário do Desenvolvimento Econômico de Roriz. Outro secretário do governo, Wellington Moraes, da Comunicação, explicou: "O governador sempre brinca desse jeito com as pessoas mais simples".
Eis-nos diante de argumento muito usado pelos acusados de racismo verbal. "Crioulo", assim como "negão", seria manifestação de carinho. Talvez existam, mas são sem dúvida raros os casos em que um negro manifesta o apreço a um branco chamando-o de "brancão". Mas branco chamar negro de "negão" pode. Acresce, no caso de Roriz, que ele reserva suas fórmulas carinhosas, segundo seu secretário de Comunicação, às "pessoas mais simples". As pessoas mais complexas, infere-se, delas são dispensadas.
Aceitemos as alegações do governador. Era um amigo, e foi brincadeira. Mas o amigo, o tal Marinalvo Nascimento, não é um correligionário? Sem dúvida. É até cabo eleitoral de um próximo companheiro do governador. Por que cargas-d'água, então, foi Roriz chamá-lo de petista? E por que foi pedir uma vaia para ele? Nesse ponto, sempre no afã de oferecer linhas de defesa ao governador, resta alegar que ele foi vítima de dois lapsos de linguagem. Quando disse "petista", o que quis dizer é que não se tratava de um petista. Faltou o "não", só isso. Quanto às vaias... Já não se disse acima que quem diz "salva" quer dizer sempre "salva de palmas"? Pois foi isso que o governador quis dizer. Por um lapso, trocou "palmas" por "vaias", mas o que quis dizer mesmo foi "palmas". O que nos leva à última correção, para que a frase enfim se revista de sua definitiva forma e real significado:
– ALI ESTÁ UM FILHO DESTA TERRA, ALGUÉM LONGE DE SER UM PETISTA, PARA O QUAL PEÇO QUE VOCES DESTINEM UMA SALVA DE PALMAS.
Conclusão: Roriz deve ser condenado não por racismo, mas porque não sabe o que diz. 
http://veja.abril.com.br/130202/pompeu.html 

Língua, linguagem e comunicação

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História da escrita: letra, alfabeto, ideograma...


PONTOS, VÍRGULAS E ACESSÓRIOS



PONTOS, VÍRGULAS  & ACESSÓRIOS 

Professora Etelvina e suas pílulas de sabedoria instantânea
PRIMEIRO PLANO Revista Época 01/08/2006 - 11:12 | Edição nº 428

Nos primórdios da linguagem escrita, um texto era uma longa seqüência de caracteres. Sem espaços entre as palavras e sem nenhum sinal que indicasse pausa, ênfase ou pronúncia. Por isso, o simples ato de ler era um privilégio de catedráticos. O surgimento da imprensa, no século XV, permitiu que o povo tivesse acesso à leitura. E foram aparecendo símbolos - hoje, em número muito maior que o de letras - para facilitar a compreensão e dar ritmo ao texto. Os nomes desses símbolos têm origens interessantes...
Acento - Latim accinere, - cantar -
Agudo - Latim acus, - agulha -
Circunflexo - Latim circumflexus, - círculo dobrado -
Crase - Grego kraseos, - ação de misturar -
Trema - Grego trematos, - buraco - , ou - cada ponto em um dado -
Til - Latim titulus, - inscrição sobre a porta de uma sepultura -
Cedilha - Castelhano zedilla, - diminutivo da letra zeda (z) -
Vírgula - Latim virgula, - varinha -
Ponto - Latim punctum, - furo feito com uma agulha -
Ponto de exclamação - Estilização do latim Io, uma expressão de alegria
Ponto de interrogação - Estilização do latim Qo, abreviatura de quaestio, - pergunta -
Hífen - Grego huphén, - juntamente -
Asterisco - Grego asteriskos, - pequena estrela -
Aspas - Gótico haspa, - dobradura -
Apóstrofo - Grego apostrophos, - que voltou -
Parênteses - Grego parentheseos, - ação de intercalar -
Reticência - Latim reticentia, - silêncio -
Cifrão - Árabe sifr, - vazio -
Arroba - Árabe ar-rubá, - medida de peso -
E, quando parecia que nada mais faltava para ser inventado, surgiu o emoticon. São símbolos criados a partir de outros símbolos, para dar mais vida à comunicação via internet. A palavra é uma contração de emotion e icon (emoção e ícone, em inglês).
O mais famoso deles é o “sorriso deitado”... :-)
A Professora Etelvina está semanalmente nas páginas de ÉPOCA,para brindar os leitores com seu saber enciclopedicamente inútil
Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG74955-6001-428-5,00.html

Livros para acessar

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O que é o blog

Este blog tem como objetivo organizar textos que podem ser utilizados como materiais de discussão nas aulas de Língua Portuguesa  ou simplesmente promover reflexões sobre a língua.