Lições do Titanic
Josué Gomes da Silva
O naufrágio do Titanic, cujo centenário transcorreu ontem, traz tristes
memórias, heroísmo, coragem, arrogância, fé, lendas e mitos. Por isso e pela
perda de cerca de 1.500 vidas, é tragédia marcante da aventura humana. Diante de
tal lembrança, conforta-nos a sabedoria de aprender com os erros, que pode e
deve ser praticada por todos.
Cem anos após a triste noite de 14 de abril de 1912, quando um iceberg
interrompeu a travessia do Atlântico entre Southampton (Reino Unido) e Nova York
(EUA), a frustrada viagem inaugural do navio ainda é um legado de preciosas
lições. E todas aplicam-se a distintas situações, inclusive na gestão
empresarial.
A primeira refere-se à previsão relativa aos recursos de contingência. Nunca
devem ser menores que a efetiva demanda em casos de incidentes e acidentes. Isso
vale para reservas financeiras, alarmes, áreas de escoamento, estruturas e
brigadas de incêndio. O Titanic tinha só 16 botes salva-vidas, muito aquém do
ideal.
A segunda lição é sobre a necessidade de testar qualquer equipamento,
máquina, veículo, processo e sistema antes de ser colocado em operação
comercial. O Titanic teve apenas seis horas de testes, e muito abaixo de sua
velocidade máxima. Talvez por isso, os timoneiros não tenham conseguido
manobrá-lo com eficiência ante a iminência do choque.
A comunicação, sempre decisiva e estratégica, é o objeto da terceira lição. O
Titanic possuía o moderníssimo telégrafo do Sistema Marconi. Porém, muitos não
sabiam operar aquela "maravilha sem fio" e alguns navios que poderiam tê-lo
socorrido nem sequer contavam com ela.
Os meios de comunicação -incluindo os mais recentes, como redes sociais,
tráfego de dados, G3, G4 e outros recursos cibernéticos- precisam ser bem
utilizados e todos os interlocutores devem compartilhá-los de maneira eficaz no
domínio da tecnologia.
Outra análise importante é que a arrogância nunca deve subjugar o bom senso.
A humildade é sempre boa conselheira, mesmo quando a autossegurança resulta de
grande experiência ou baseia-se no uso de avançada tecnologia. O excesso de
confiança pode explicar o motivo de o capitão Smith ter ignorado os alertas de
gelo no mar e ter determinado velocidade máxima.
E ainda, entre muitos exemplos, jamais se deve relegar a segundo plano a
política de recursos humanos, o treinamento e o papel dos colaboradores -que são
o mais importante patrimônio de qualquer organização ou empreendimento. Tal
cuidado faltou no Titanic.
Que a triste e centenária lembrança, registrada no Reino Unido e em todo o
mundo, não seja em vão. Aprender com os equívocos do passado nos capacita a um
futuro sempre melhor.
fonte:http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/37163-licoes-do-titanic.shtml
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